sexta-feira, fevereiro 13, 2009

Da Matemática ao pictionary, passando por alguns disparates...

Não podendo aceder à sala do clube, lá fomos novamente para a Biblioteca.
Dia de Sol... alguns com autorização para ir correr um bocadinho. Precisam.
Outros no Apoio de Matemática comigo (juntou-se a nós um ex-aluno agora no 9º ano, em estilo muito cool com ar cúmplice a sentir-se grande fazendo as contas pelos "miúdos"... Está sossegado, não dês a resposta... eles têm de descobrir...), outros trabalhando autonomamente na mesa do lado.
Findo o tempo do apoio... três alunas desafiaram-me para jogar Pictionary na zona de jogos da BE. Era preciso uma parceira para a B. Fui eu. Não haver possibilidade de realizar as actividades do Clube, não impede que passe o tempo com eles noutra actividade. Estas alunas merecem bem o descanso e o mimo.
Diverti-me muito. Quarenta e cinco minutos preciosos para relaxar a mente e o corpo. Expliquei-lhes que tinha quatro irmãos e adorava jogar jogos de grupo. Como passava muito tempo sozinha, havia deixado de ter essa oportunidade e sentia saudade. Hoje matei-a.

De caminho para o resto das aulas da tarde, a notícia de que alguns alunos da outra turma resolveram à hora de almoço sair da escola para ir novamente ao supermercado buscar coisas com características comestíveis, mas não de alimento, e... compraram também e beberam uma célebre bebida que aparentemente dá asas para tudo menos para se concentrarem no que é preciso. Algumas mal dispostas, excitação sem controlo, colegas aproveitando e estimulando a brincadeira e uma aula de História completamente deitada fora. Assunto encaminhado pela DT com telefonemas aos Pais. Choros. Arrependimentos. Por favor não telefone. Alguns não devem repetir tão depressa. Na aula de EA a situação mais calma, mas ainda com restos de agitação a sobrar do almoço infeliz.

O quotidiano da escola. Esse quotidiano desconhecido de quem manda e sabe tudo. Cumpram-se os programas, os planos, tudo previsto em todos os papéis, planos tecnológicos bondosos, crianças perfeitas e de cera, quase trinta numa sala onde mal cabem, três que pouco dominam o português, alguns numa espécie de ressaca de RB, mau cheiro, frio, humidade, nenhum computador, nem um fio de internet, nenhum tempo para nada.

Eu sei (sabemos) do real. Convivo (convivemos) com ele há tempo demais para me (nos) esquecer(mos).
Só me aborrece que quem cá não está faça crer que a escola é um espaço asséptico onde tudo é liso e perfeito e não é preciso tempo para que os problemas se resolvam, para que as crianças possam realmente ser acompanhadas como precisam nestes novos e desconhecidos tempos. Tudo passou a ser uma espécie de fábrica de enchidos, sem tempo para humanidades. Onde apenas é necessário que existam alguns mais iluminados (e talvez um dia recompensados na devida proporção desse esforço) do que outros (sorrio a algumas das "escolhas") para controlar bem se os restantes desiluminados preenchem correctamente os impressos sem erros de forma nem de conteúdo para poderem aceder a um carimbo na carne.

Ah! A minha amiga Nena, do grupo de dança renascentista, professora dedicada e excepcional a todos os títulos (das melhores que alguma vez conheci), também teve direito à sua notificaçãozita.

Ok. Pronto Maria Teresa. Pronto. Respira fundo. Trepa pela entrada acima e regressa lá aos momentos bons... da manhã... do princípio da tarde... regressa ao Pictionary...

Ovo... não... cabeça... pessoa... pessoa... corda.... saltar à corda!
Pessoa... coisa à volta do braço... mala... não... braço partido?
País... oceano... Europa?... Oceano... Atlântico... América... Brasil... Brasília? S. Paulo? Salvador?.... oops... acabou o tempo... era Rio de Janeiro...

Como elas têm crescido...
E o que se pode aprender desenhando e brincando... quando sobra um bocadinho de tempo.

Quem salva quem na Escola?

2 comentários:

João Paulo Proença disse...

Pois Teresa:

Quem salva a Escola?
E o grave é que são os miudos que ficam prejudicados com esta maldita escola. Eles não têm tempo para crescer e não têm apoio da nossa parte porquie passamos o tempo a fazer mil e uma porcarias.

beijo

João P.

Teresa Martinho Marques disse...

Pois...
Bastava um pouco mais de tempo (institucional)... A ideia absurda de nos preencher todos os minutos com tarefinhas em todas as horas, sem espaço para podermos dedicar mais tempo e actividades aos nossos próprios alunos tem vindo a sufocar completamente a escola. POr isso acontecem muitas das coisas que acontecem... Falta de visão. Quem pouco fazia agradece a burocratizaçao, única hipótese de vir a ter um bom carimbo. Quem sempre amou e queria continuar a aprender a amar melhor... está esgotado. Enfim...