quinta-feira, junho 17, 2010

Olhar e ver... melhor

Final de tarde em testes para saber se é possível fazer o tempo andar quase um ano para trás... Experimentar pela primeira vez, só uma hora... aprender a colocar. Andar pelo supermercado a ler rótulos com letrinhas impossíveis. Depois dessa hora avaliar efeitos, danos eventuais, intolerâncias. Exame passado com distinção. Pareço ser boa candidata, embora a condição acumulada de ver aceitavelmente bem ao longe e menos bem ao perto não seja das mais vantajosas nestes casos. É aqui que ajudam outras tecnologias permitindo a construção de lentes com as duas graduações em círculos concêntricos. Se conseguirmos adaptar-nos... Vitória!
Mais uma semana de experimentação e a decisão final.

Neste momento, pela primeira vez (desde há quase um ano) a trabalhar sem óculos no portátil (uso sempre uma resolução de écran com letrinhas minúsculas) e com o conforto de poder, numa fracção de segundo, deixar o olhar voar até ao écran da televisão lá longe sem sentir diferenças, sem o fazer olhando por cima dos óculos, ou esquecer que os tenho e vendo tudo desfocado por alguns momentos até levar a mão à cara ou os olhos ao céu.
Saudades deste conforto, deste gesto natural, que a idade nos rouba devagar quase sem darmos conta. Optimista quanto aos resultados. Sou persistente.
E porquê?
Porque me falta (mesmo) a paciência para o ritual do tira e põe constante. Porque pela primeira vez, há um mês, senti a falta deles em algumas aulas (onde nunca precisei de os usar) quando o transferidor foi o objecto central. Porque danço demais com os alunos e olho muito para todo o lado e para todas as distâncias sem tempo de respirar ou colocar outros gestos de permeio. Porque detesto ter coisas penduradas no pescoço e ao peito (para além do coração) e a mala está cheia de outras ferramentas tecnológicas que excluem o espaço para mais uma caixa.

Sim...
... não sou uma pessoa fácil.

E estou a entrar em época de balanço. Mais silêncio que palavras. Mais escutar-me e ao mundo, do que dizer-me e dizê-lo. Necessidade de alguma distância. Nota-se nas ausências da Teia. Hoje uma excepção cheia de palavras, depois de um dia de despedida de aulas e clube. Não gosto de despedidas, por isso na verdade não aconteceu nem se deu por esta. É como se para a semana tudo continuasse. Trabalhámos fracções na última aula e sorrimos muito no clube. Nenhum tempo para demorar pensamentos sobre o ano que vem e como virá.
Porque... desafios novos no horizonte. Nova reconfiguração de tarefas e de dádivas em perspectiva. Conversámos esta semana sobre o assunto. Não sabemos ainda muito bem o que o futuro nos vai reservar.

Quando tudo se focar com precisão, hei-de partilhar.

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