sábado, janeiro 31, 2015

Stand and deliver (O preço do desafio) - 1988

... e ainda no espírito da educação matemática de sucesso, hoje, na segunda sessão da oficina de formação sobre supervisão pedagógica entre pares (sim, os professores fazem formação ao sábado), um filme ("Stand and deliver"... "O preço do desafio") que muitos deviam ver. Aqui a ideia era usar algumas cenas para observação de uma sala de aula, mas o professor de matemática Escalante, no centro da história, tornou-se bem maior do que tudo isso e acabámos com vontade de o ver por inteiro e de o conhecer melhor... a ele e ao seu caminho de sucesso junto de alunos condenados a serem apenas os filhos de um deus menor. Se não conhecem o filme... apressem-se a descobrir. E, depois, muito mais coisas espalhadas por aí que nos (re)inspiram nestes tempos difíceis (em que a tutela se esmera com dedicação, afinco, desonestidade e absoluta inconsciência para desacreditar toda uma classe, ao invés de criar condições para uma educação de sucesso).

 Stand and Deliver
Wikipedia, the free encyclopedia



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by Jay Mathews
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Motivation: A Key to Effective Teaching: 

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 Filme completo:  O preço do desafio

A Mathematician's Lament: How School Cheats Us Out of Our Most Fascinating and Imaginative Art Form

de Paul Lockhart
Lockhart's Lament

Por vezes encontramos na internet alguns diamantes...
(Jogo: descubra as diferenças para os atuais programas e filosofias de ensino)

na Amazon

“One of the best critiques of current mathematics education I have ever seen.”—Keith Devlin, math columnist on NPR’s Morning Edition
A brilliant research mathematician who has devoted his career to teaching kids reveals math to be creative and beautiful and rejects standard anxiety-producing teaching methods. Witty and accessible, Paul Lockhart’s controversial approach will provoke spirited debate among educators and parents alike and it will alter the way we think about math forever.
Paul Lockhart, has taught mathematics at Brown University and UC Santa Cruz. Since 2000, he has dedicated himself to K-12 level students at St. Ann’s School in Brooklyn, New York.
This month's column is devoted to an article called A Mathematician's Lament, written by Paul Lockhart in 2002. Paul is a mathematics teacher at Saint Ann's School in Brooklyn, New York. His article has been circulating through parts of the mathematics and math ed communities ever since, but he never published it. I came across it by accident a few months ago, and decided at once I wanted to give it wider exposure. I contacted Paul, and he agreed to have me publish his "lament" on MAA Online. It is, quite frankly, one of the best critiques of current K-12 mathematics education I have ever seen. Written by a first-class research mathematician who elected to devote his teaching career to K-!2 education.

Paul became interested in mathematics when he was about 14 (outside of the school math class, he points out) and read voraciously, becoming especially interested in analytic number theory. He dropped out of college after one semester to devote himself to math, supporting himself by working as a computer programmer and as an elementary school teacher. Eventually he started working with Ernst Strauss at UCLA, and the two published a few papers together. Strauss introduced him to Paul Erdos, and they somehow arranged it so that he became a graduate student there. He ended up getting a Ph.D. from Columbia in 1990, and went on to be a fellow at MSRI and an assistant professor at Brown. He also taught at UC Santa Cruz. His main research interests were, and are, automorphic forms and Diophantine geometry.

After several years teaching university mathematics, Paul eventually tired of it and decided he wanted to get back to teaching children. He secured a position at Saint Ann's School, where he says "I have happily been subversively teaching mathematics (the real thing) since 2000."

He teaches all grade levels at Saint Ann's (K-12), and says he is especially interested in bringing a mathematician's point of view to very young children. "I want them to understand that there is a playground in their minds and that that is where mathematics happens. So far I have met with tremendous enthusiasm among the parents and kids, less so among the mid-level administrators," he wrote in an email to me. Now where have I heard that kind of thing before? But enough of my words. Read Paul's dynamite essay. It's a 25-page PDF file: Lockhart's Lament

sábado, janeiro 17, 2015

Educar sem nãos, sem limites, sem riscos, sem frustração: que futuro?


verão de 2009 - ver fotos AQUI


... Aqui a pensar na educação das crianças cada vez mais enraizada no paradigma da proteção completa e do sim_sempre sem quaisquer limites a todos os desejos, do egocentrismo absoluto prolongado eternamente, da incapacidade dos mínimos gestos de autonomia: da ida à casa de banho, higiene pessoal, mastigar comida sólida, comer sozinho, manipular objetos, falar sem problemas de dicção, apresentar um vocabulário mínimo adequado à idade, atar um sapato, vestir uma peça de roupa, respeitar o outro, conhecer limites e fronteiras, aceitar um não e tantas outras coisas que aos cinco anos deviam estar adquiridas. De ano para ano, as crianças que nos chegam ao agrupamento de escolas (pré-escolar) vêm cada vez mais assim, com a vida mastigada pelos pais, sem côdeas (se soubessem o que me irritava aquele anúncio do pão embalado sem côdeas), sem espinhas, sem pedras na calçada... Deixaram de ser a exceção. São a regra. E este estado de "muito pré" prolonga-se agora pelo primeiro ciclo e, este ano, também pelo segundo ciclo de forma muito visível. Assustador. Mais do que matemática, gasto tempo infinito a educar, a ensinar a gerir conflitos, a recuperar a autonomia, a ensinar a responsabilidade, a ajudá-los a crescer, a fazê-los acreditar que confio neles e que são capazes de muito mais. A criar neles uma motivação e um entusiasmo desaparecidos porque são incapazes de se focar numa tarefa por mais do que poucos minutos. Daqui a uns (muito poucos anos), não quero sequer imaginar o que virá por aí, sabendo que o que tenho hoje é já absolutamente surpreendente e estranho, com alterações dramáticas no percurso normal do desenvolvimento da criança. Tudo porque, parece simples, os pais (a maioria?) não confia nos pequenos seres que geraram, na sua força, na sua capacidade, no seu imenso potencial de desenvolvimento e que, por conta do medo e de um auxílio constante e tirano que as tolhe no mais essencial do seu processo de crescimento (isto NÃO é Amor), impedem os seus filhotes de, um dia mais tarde, serem pessoas felizes e completas, com entusiasmos, alegrias, tristezas, dores, e dotados da capacidade de auto controlo, capacidade de interagir com o mundo avaliando os riscos e gerir as mais básicas emoções como a frustração... 
As mesmas crianças que movem o dedinho horas a fio nos tablets que lhes colocam nas mãos para os entreter, ou se sentam horas a fio à frente de um televisor/computador (assim não dá tanto trabalho educar), são as mesmas que aos cinco e seis anos não conseguem usar uma tesoura, espalhar um bocadinho de cola num papel, usar lápis de cor, contar uma história e estão diminuídos em competências básicas, precisando cada vez mais de apoio especializado para corrigir algo que não é intrínseco, mas resultou de uma educação deficiente, pouco exigente e protetora no pior dos sentidos.  

sexta-feira, janeiro 16, 2015

"Oh professora, já pensou que podem ser só pássaros??"


Hoje na última aula do dia (sexto ano - matemática), a propósito das razões e das proporções, precisei de dar um exemplo que ajudasse a compreender melhor o significado da razão entre o peso em adulto de alguns animais e o seu peso à nascença. Olhei-os com o olhar mais sério que consegui e comecei... "Imaginem uma fada que acabou de nascer com 200g (começo a ver os sorrisos) e que em adulta ficou com 600g (o que para uma fada me parece já um bocadinho de obesidade, mas pronto...)."
Depois de calcularmos o valor da razão e de alguém ter dito que o peso em adulta era o triplo do peso à nascença, continuei. "Sabem uma coisa? Desconfio que no meu jardim tenho lá uma ou mais destas fadas pesadinhas. Há uma planta de que eu gosto muito que tem as pontas todas partidas, como se as malandras se andassem a sentar nelas..." Nessa altura sou interrompida pela Cris que coloca o dedo no ar e me pergunta: "Oh professora, já pensou que podem ser só pássaros???"

As crianças deixam de acreditar no Pai Natal tão cedo... 

(Mas acreditam que há professoras que acreditam em fadas... talvez não esteja tudo perdido!)




imagem aqui